Qual é o status da Escola Austríaca no mundo acadêmico? Antes de mais nada, é preciso fazer algumas ponderações. Primeiro, o fato de uma teoria não estar difundida em um meio específico não significa que ela seja falsa. Tentar desqualificar a Escola Austríaca por não estar presente no meio acadêmico é uma tentativa equivocada de encerrar o debate, como se as proposições defendidas por essa escola fossem automaticamente falsas. Apesar de não estar amplamente debatida publicamente, a Escola Austríaca conta com autores que se destacaram por suas contribuições acadêmicas e científicas. Entre esses autores:
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- Friedrich August von Hayek (laureado com o Prêmio Nobel de Economia)
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- Fritz Machlup (foi presidente da American Economic Association, da International Economic Association e da Association of University Professors)
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- Israel Kirzner (dado como possível ganhador do Nobel pelo Clarivete)
Hayek é o segundo maior economista citado por laureados em prêmio nobel1, com 169966 citações de acordo com o Google Scholar, a frente de Mises (39841) e Rothbard (22771). A elite da profissão econômica, Coase, Friedman, Hicks, Hurwicz, Koopmans, Lucas, Maskin, Myerson, North, Phelps, Sen, Smith e Stigler, todos consideram o trabalho de Hayek como importante e influente para a economia.
Influência austríaca
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- James McGill Buchanan Jr. (laureado pelo Prêmio Nobel de Economia em 1986 com seu trabalho sobre a teoria da escolha pública, que traz considerações sobre o agente político, desvinculando-o de um ser autruísta, elevando-o para um ser de interesses e objetivos próprios.2 Ele possui PhD pela Universidade de Chicago)
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- Gordon Tullock (foi o co-auotor do trabalho que laureou James Buchanan, apesar de criticar a visão da Escola Austríaca sobre o tema de depressão económica, ele foi influenciado por Ludwig von Mises e compõe como autores que contribuem para a Escola Austríaca de Economia. Também possui PhD pela Universidade de Chicago)
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- Vernon L. Smith (Neuroeconomista e professor de economia na Universidade de Arizona, professor de economia e direito na George Mason University e membro da Mercatus Center, foi laureado junto com Daniel Kahneman pelo Nobel em economia no ano de 2002. Sua contribuição é sobre economia comportamental e, dentro da escola austríaca possui prêmios pelos avanços teóricos, possui várias contribuições, incluindo o seu artigo sobre ação humana.3 Ele possui PhD pela Universidade de Harvard)
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- Deirdre McCloskey (Professora notável de economia, história, língua inglesa e comunicação na Universidade de Illinois em Chicago. Contribuiu com o seu trabalho em 2018, onde comenta a sua adoção à teorias da Escola Austríaca, e as principais teorias.4 Possui PhD pela Universidade de Harvard)
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- Peter Joseph Boettke (Professor de economia e filosofia na George Mason University. Publicou centenas de artigos em lugares como Public Choice, American Economics Literature e The Journal of Economics History. Foi ganhador do prêmio Adam Smith Awards. Possui PhD pela George Mason University)
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- Peter T. Leeson (professor da George Mason University e um dos maiores economistas jovens segundo o REPEC. Publicou artigos pela Political Economics e The Journal of Law and Economics. Possui PhD pela George Mason University)
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- Nicolai J. Foss (professor da Copenhagen Business School, membro da Academia europeia e ficou entre os cientistas mais citados segundo o Clarivete de 2018, 2019 e 2020. Sua principal contribuição é sobre a teoria organizacional baseado em microfundamentação, examinando como os comportamentos individuais se agregam para afetar o comportamento de grupos e organizações maiores. Possui PhD pela Copenhagen Business School)
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- Russell S. Sobel (professor da Citadel, publicou artigos pela Public Finance Review, Public Choice, CATO Journal e Journal of Law in Economics, ganhador do prêmio de melhor artigo da Southern Economic Journal. Ele também é co-editor da Southern Economic Journal. Contribuiu para a Escola Austríaca com seu artigo “Does Cultural Diversity Increase the Rate of Entrepreneurship?”5. Possui PhD pela Florida State University)
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- Richard N. Langlois (Professor da University of Connecticut e membro da academia de Connecticut, editor do Institucional Economics, publicou artigos pela Journal of Comparative Economics, The Journal of Management Studies e publicou livro pela Cambridge University Press. Possui PhD em sistema de engenharia económica por Stanford)
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- Lawrence H. White (Professor da George Mason University, ganhador do prêmio Adam Smith, publicou artigo pela Journal Macroeconomics, Journal of Money, Credit and Banking, The History of Economics Review, The Quarter Review of Economics and Finance e pela CATO Journal. Tem trabalhos importantíssimos sobre a abolição do Federal Reserve (FED). PhD na Universidade da California em Los Angeles)
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- Bruce Caldwell (Professor da Duke University e ex-presidente da History of Economics Society, e já publicou artigo pela Journal of Economics Literature. Fornece contribuições à Escola Austríaca com sua crítica de análise interna, trouxe comentários sobre a praxeologia misesiana.6 PhD em economia pela Universidade de Carolina do Norte)
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- David Skarbek (Professor da Brown University e ciência-política, ganhador do Prêmio de Melhor Livro em Economia Política da American Political Economics Association. E o outro livro ganhou um prêmio das duas maiores organizações acadêmicas de criminologia. PhD em economia pela George Mason University)
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- George Selgin (Professor emérito na Geórgia, membro senior e diretor emérito do Centro de Alternativa Monetária e Financiera da CATO Institute. Escreveu vários artigos pela CATO Journal, além de artigos por lugares como Journal of Macroeconomics e Economics Journal. PhD pela New York University)
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- Christopher Coyne (Professor da George Mason University, co-editor do Independent Review. Tem inúmeras publicações incluindo artigos de revistas, capítulos de livros, documentos de políticas e resenhas de livros. Suas principais áreas de pesquisa incluem Economia Austríaca, desenvolvimento econômico e economia política. Em 2008 foi nomeado Senior Fellow na London School of Economics. Em 2010, foi professor visitante na The Social Philosophy and Policy Center da Bowling Green State University. PhD na George Mason University)
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- Peter G. Klein (Professor na Baylor University. Foi economista senior do Council of Economic Advisers, uma agência dos Estados Unidos dentro do gabinete executivo do presidente, criada em 1946 que assessora o presidente dos Estados Unidos em políticas econômicas. Publicou artigos em lugares como Journal Management, Organization Science e também recebeu o prêmio de melhor artigo na European Management Review. PhD pela Universidade de California)
Além desses, há muitos outros austríacos como Alexander Salter, Claudia Williamson, Virgil, Storr, Edward Stringham, Nicolás Cachanosky, entre outros acadêmicos de peso, dando aulas em inúmeras universidades e publicando vários artigos em lugares como a Southern Economics Journal e Independent Review. Publicam também em grandes imprensas acadêmicas como Stanford, Oxford e Cambridge. Contribuições puramente austríacas podem ser encontradas na Quarterly Journal of Austrian Economics, The Review of Austrian Economics e Advances in Austrian Economics. Deve-se ter em mente que Boettke, Leeson e Coyne têm dirigido um programa de doutorado na George Mason University. No Brasil, entre grandes nomes austríacos, há:
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- Og F. Leme (Foi professor de Economia na Escola de Sociologia e Política de São Paulo, na Fundação Getulio Vargas e no Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Foi autor de vários artigos e livros, era editor da newsletter IL Notícias e participou da elaboração da série Políticas Alternativas, Ensaios & Artigos, Países, NOTAS, entre outras produções do IL, foi aluno de Milton Friedman, Frank Knight, Gregg Lewis e George Stigler. Graduado em Ciências Sociais pela Escola de Sociologia e Política de São Paulo, em Direito pela Universidade de São Paulo e PhD em economia pela Universidade de Chicago)
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- Donald Stewart Jr. (Fundador do Instituto Liberal (IL) e tradutor da primeira edição do livro Ação Humana de Mises, foi sócio e afiliado a diversas instituições internacionais, como a CATO Institute, Heritage Foundation e a Atlas Foundation. Hoje em dia leva um prêmio em seu nome, o Prêmio Donald Stewart Jr.)
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- Ubiratan Iorio (Professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, foi autor do primeiro livro dedicado à Escola Austríaca no Brasil, foi Presidente do Conselho Acadêmico do Instituto Mises Brasil. Doutor em economia pela Fundação Getúlio Vargas)
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- Antony P. Mueller (Professor de economia na Universidade Federal de Sergipe, onde ele atua também no Centro de Economia Aplicada. Fundador do The Continental Economics Institute. Publicou vários livros e numerosos artigos acadêmicos. Suas publicações originais são principalmente em inglês, alemão e português e também encontraram muitas traduções em outros idiomas. PhD em economia pela Universidade de Erlangen-Nuremberg)
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- Adriano Gianturco (Professor de Ciência Política e Cordenador do curso de Relações Internacionais do IBMEC. Mestre em Relações Internacionais pela Universidade de Torino e PhD em ciência política pela Universidade de Genova)
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Nas universidades
Além dos autores acima, temos instituições absorvendo cada vez mais a Escola Austríaca de economia em seu corpo teórico. O Instituto Mises realizou uma lista de universidades que possuem uma relação com a Escola Austríaca, destacando as que têm conteúdo oficial e direcionado da escola austríaca. São pelo menos 25 na América do Norte, 13 na Europa, 2 na América do Sul e Central e 1 na Austrália e Oceania.7 Ou seja, 41 universidades relacionadas à Escola Austríaca. No Brasil, há núcleos de libertários na Universidade Presbiteriana Mackenzie, que realizam o fórum Mackenzie de Liberdade Econômica desde 2017 e o think thank liberal Centro de Liberdade Económica. Também no Insper, que conta com a organização estudantil Insper Liber, fundada em 2016, é um núcleo de formação de lideranças. E tem como lema frase de Mises, “A história da humanidade é a história das ideias.”.8 Há também o Clube Caiapós, grupo de estudantes liberais e libertários da USP de Ribeirão Preto.9 O CATO Institute também influênciou alguns brasileiros como Diogo Costa, atual presidente da Foundation for Economic Education (FEE), já presidiu a Enap e é CEO do Instituto Millenium. É bacharel em Direito pela Universidade Católica de Petrópolis e mestre em Ciência Política pela Columbia University. Foi pesquisador no CATO Institute e na Atlas Network em Washington, professor de ciência política no Ibmec de Belo Horizonte (MG) e Adam Smith fellow e Humane Studies fellow pelo Institute for Humane Studies e John Blundell scholar pelo Adam Smith Institute.
Também é importante destacar livros da Escola Austríaca que são atuais e são difundidos nas universidades, como a série da Cambridge Elements in Austrian Economics, o Oxford Handbook of Austrian Economics, e a série Advances in Political Economy, e também tem a série de Foundations of the Market Economy.
Atualmente, no campo do estudo das ciências do mundo natural, o trabalho do autor Alfred Mele também é extremamente discutido dentro da academia, com um total de 16146 citações de acordo com o Google Scholar.
Conclusões
A Escola Austríaca não faz parte do discurso público, mas ela não é algo ultrapassado e também não é algo que está preso no passado, ela é discutida, feita e produzida hoje em dia em universidades renomadas. Inclusive com influência na presidência de países, como Javier Milei na Argentina, que têm Murray Rothbard, Ludwig von Mises, Friedrich von Hayek, Walter Block, Henry Hazlitt, Gary Becker, Milton Friedman, James Buchanan, Hans-Hermann Hoppe, Ayn Rand, Robert Nozick, Jesús Huerta de Soto e Miguel Anxo Bastos como influência. Sem contar que a Argentina é o mesmo país onde Mises deu uma série de palestras em 1959, que viriam mais tarde a se tornar um livro.